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Quando você for a Paris

Porque é para lá que você vai, claro ! Quando esse pesadelo disfarçado de realidade acabar, teremos valorizado o que é realmente essencial. E constatado que não adianta adiar, procrastinar, porque a vida explode na nossa cara e o imprevisto também. É melhor viver enquanto é tempo.

Por isso, se possível, assim que tudo isso passar, viaje, respire outros ares.

E quando for a Paris, encha bem os pulmões ao chegar às doces margens do Sena. De preferência sobre o pont des Arts, de costas para a tour Eiffel e olhando na direção do pont Neuf, a primeira ponte de Paris. Sóbria e elegante como a cidade. Sem os dourados bling-bling da Alexandre III, que é bela, sem dúvida, mas tem o peso e o excesso da estética russa. O pont Neuf atravessa o rio duas vezes e esconde num de seus desvãos a encantadora place Dauphine.

Abasteça seus olhos. Encha-os da luminosidade que só tem em Paris, ao cair do dia, quando o céu se tinge de azul escuro. Alimente-os das sombras contra as fachadas alinhadas e harmônicas, presenteie-os com o brilho manso do Sol contra as folhas que farfalham silenciosamente e contra as velhas pedras cheias de história.

Não precisa obrigatoriamente ser lá, na Île de la Cité, ou na Île Saint-Louis, mas é bom que seja na Île de France : sente-se a uma mesa qualquer, numa calçada qualquer, num arrondissement qualquer, peça um vinho (ou champanhe) e olhe, só olhe. Deixe seu olhar passear, vagabundo, pelo movimento discreto, pelo vai e vem, pelos ônibus verdes que deslizam sem fazer barulho, pelo charme infinito da cidade e sua gente.

Respire fundo. Se abasteça, se recarregue. Porque a vida vale a pena e, que eu saiba, é uma só. E, como disse Vinícius de Moraes, “beleza é fundamental”.

Marly N Peres