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Quem pode mais, pode menos

A frase é de Aristóteles (século -IV) em “Sobre o céu”. Essa formulação é das mais importantes de toda a História da Filosofia, pois resume, em palavras tão simples, pontos essenciais do pensamento do Mestre : a primazia da gradação e da continuidade. Nessa obra ele define os limites do que é possível e do que não é.

Faz isso com base no belo conceito de dynamis – essa força, essa potência magistralmente retrabalhada por Nietzsche séculos depois.

A dynamis é sempre o resultado de efeitos contrários. Mas entre a potencialidade latente (potência) e sua plena realização (ato), há toda uma gradação, que vai do grau zero da potencialidade não atualizada, ao grau superior da coisa feita, terminada, plena.

Na Natureza, esse princípio se aplica à hierarquia das formas de vida. Aristóteles divide os seres vivos em 4 reinos, 3 dos quais com a capacidade imanente de alteração, a kínesis. Cada forma inferior tem as limitações do nível que é o dela : vegetativo, para as plantas ; sensível, para os animais ; racional para os humanos.

O superior pressupõe sempre a presença do(s) inferior(es), sem o(s) qual(s) não conseguiria funcionar. Cada reino incorpora as capacidades dos precedentes, menos desenvolvidos, na gradação que Darwin chamaria de evolução : (mineral), vegetal, animal e humano.

Isso vale para todos os domínios, quer seja físico, biológico, ético, metafísico, lógico ou psicológico. Graaaande Aristóteles !

Marly Peres