Platão, em seu diálogo “Górgias“, equipara a relação entre retórica e política à relação entre confeitaria e medicina.
Apesar de pensar a questão do ponto de vista do dirigente, ele se pergunta o que seria o populismo da ótica do povo. Em 2011, o historiador Pierre Rosanvallon escreveu o artigo Pensar o populismo tentando responder a essa pergunta.
Segundo ele, o populismo erra e procede fazendo uma simplificação tripla. A 1ª é política, por considerar o povo um sujeito evidente, diferente das elites. A 2ª é institucional, ao opor a cultura do plebiscito às estruturas representativas. E a 3ª, ao procurar uma identidade coletiva, onde na verdade se cruzam uma infinidade de relações sociais.
O segredo do populismo é, na verdade, fazer o povo acreditar que ele existe enquanto tal. O discurso do “povo” contra as “elites” é, portanto, intrinsecamente falso e deliberadamente falseado, diz Rosanvallon. Ele afirma que o povo, numa democracia, continua sendo, por definição, algo que não se consegue encontrar. Ou seja, não devemos simplificar a democracia, mas sim assumir sua complexidade.
Marly N Peres