Sylvain Tesson percorre o mundo. Sucesso sempre, de público e de crítica, confesso que meu xodó é “Un été avec Homère” (Um verão com Homero), do qual tenho dois exemplares para me assegurar de não ficar sem, se por um desastre incontrolável eu perder um deles. Porque carrego para todo lado : saguão de aeroportos, salas de espera, congestionamentos e outras sessões torturantes de situações urbanas.
Nas estepes da Ásia central, no Tibete, nas florestas francesas ou em Paris – seu porto seguro, para onde sempre volta – ele caminha, escala, acampa numa árvore ou embaixo de uma ponte, constrói cabanas. Esse apaixonado por relevos persegue o maravilhoso e o encantamento. Em plena sociedade inundada e sufocada pela comunicação, ele conclama a um novo tipo de nomadismo, a um vagabundear alegre. Seus textos são um libelo, uma filosofia de bolso de desobediência, de uma resistência doce à ordem estabelecida.
“A energia vagabunda é a travessia do efêmero, perpetuamente renovado. A energia vagabunda consiste em fazer a colheita de ideias em colinas inspiradas. E, um dia, as notas de transformam em livro. […]
Eu creio nas virtudes da tangente e da escapada. Possa a energia vagabunda jamais se esgotar !”
O que de mais fiel a um autor do que citá-lo ? Sylvain Tesson escreve como pensa : com uma fluidez incomparável.
“A lua transforma o mar num platô de prata sobre o qual a noite me traz estranhos sonhos.”
“Os livros são herbários de nossas recordações perdidas.”
“Viagem organizada : oxímoro.”
Marly Peres