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Derretendo cérebros

Confinamento que não acaba ! O que fazer com essas crianças que não param ? Acordam cedo, não vão para a escola, não desligam nunca e querem atenção, socorro ! Ah, já sei : a TV ou o tablet.

Como ? Seus filhos não têm tablet ? Ah que horror, pobrezinhos ! Bom, sempre dá para ligar a TV.

Você com certeza não faz isso, mas tem muita mãe deixando a TV ligada por horas e horas. E tanto a TV quanto os tablets (celulares e computadores) têm um problema grave : eles não recebem luz – eles emitem luz. Aquela luz azulada que, entre outros danos, estraga a vista. A geração dos seus filhos vai ter 85% de míopes, graças à preguiça ou irresponsabilidade de quem deixa os pequenos por mais de 1 hora por dia expostos a ela. Nossa retina tem células que vão morrendo aos poucos, porque os olhos têm o chamado capital luminosidade e essa exposição excessiva acelera o processo.

(fotos reais de expressão de crianças na frente da TV)

Além da miopia, isso vai provocar também a DMLA, degenerescência macular.

Esse desastre é físico, mas tem mais : na TV e nos tablets as imagens estão em movimento, enquanto nos livros elas estão paradas. Use sua imaginação para adivinhar o que vai acontecer quando seus filhos tiverem que ler na escola… Eles seguramente não vão gostar de ler quando crescerem e a culpa é sua.

O estrago não para por aí : o conteúdo vem pronto, o que não incentiva a capacidade de abstração das crianças. No livro até as imagens incitam a criança a imaginar (não é um mero jogo de palavras).

Hoje se multiplicam youtubers com cérebro de ostra (menor do que o de galinha), que desvirtuam as histórias. Claro que não tem nada de errado com a teatralização de histórias infantis, desde que as mães NÃO deixem a TV ligada por horas, derretendo o cérebro das crianças. E escolham o conteúdo, evitando esses mercenários que fazem até merchandising no meio das histórias.

Se você não sabe contar histórias clássicas, então aprenda. Ou peça a quem sabe.

Não, a Peppa pig e a Galinha pintadinha não servem. Mas há verdadeiros tesouros escondidos dentro das histórias de todos os tempos. E não, o imaginário infantil não mudou, com o maravilhoso advento da TV e da internet.

Por trás daqueles olhinhos e entre aquelas orelhas tem um cérebro, acredite. É bem verdade que com um pouco de esforço é possível derretê-lo – e depois enfiar naquele espaço vazio o que bem entender. Mas as crianças nascem com imagens herdadas do banco de ideias comum a todos nós, que Jung chamou de inconsciente coletivo.

E esse inconsciente coletivo não é feito de imagens criadas ontem por youtubers sem cultura, ou por desenhos aleatórios.

Os irmãos Grimm, La Fontaine, Perrault e outros beberam numa fonte rica e incrível, as fábulas de Esopo (falo dele nos Minutos gregos – Fábulas), em que muitas vezes os personagens principais são animais.

Acredite, as histórias originais são bem melhores e mais importantes para seus filhos do que as adaptações feitas por gente e/ou emissoras que só querem mesmo ganhar dinheiro fácil em cima de quem não consegue se defender.

Marly N Peres