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Populismo

Em tempos de mais de um tipo de populistas, talvez possamos pensar o populismo a partir de textos mais sóbrios, como o “Górgias“, de Platão.

Ali, ele distingue retórica de política, para discutir se um candidato do povo é um candidato populista e, sobretudo, em nome do que, numa democracia, se pode contestar o julgamento da maioria.

No diálogo, Sócrates, Górgias e o outro sofista, todos concordam que a palavra tem o poder de persuadir juízes no tribunal, senadores no Conselho, cidadãos na Assembleia do povo, assim como tem o poder de transformar o senhor em escravo e também o de dominar o dinheiro.

Ou seja, a retórica é, incontestavelmente, a primeira das artes de combate, como atesta a fala de certos políticos.

Todavia, se o orador sabe produzir credibilidade, nem por isso se mantém próximo do que se define como justo e injusto, pois a técnica da retórica se baseia no agrado. Ela está para a política como a confeitaria está para a medicina : não tem nenhuma preocupação com o que venha a ser o bem e não faz outra coisa a não ser atrair pela loucura, pelo afã de sentir prazer.

Dessa forma, diz Platão, podemos deduzir que se as crianças pudessem escolher o que comer, elas confiariam mais no confeiteiro do que no médico.

E o populismo não passa, digo eu, de distribuir creme chantilly para quem já é gordo !

Marly N Peres