“A coragem é o meio termo entre o medo e a temeridade”, Aristóteles (século -IV), na “Ética a Nicômaco”.
A Grécia detesta a desmedida. Para Aristóteles, filho digno, a virtude é ao mesmo tempo excelência e justo meio termo.
O que não é uma contradição, pois se a virtude impele a natureza humana na direção do que ela tem de melhor, a própria virtude também responde à norma ética do meson, a média. O homem virtuoso se mantém em atitude de equilíbrio sempre que faz uma escolha – quer se trate de sentimentos ou de ações.
Nos livros III e IV da “Ética a Nicômaco”, Aristóteles pinta um retrato detalhado de algumas virtudes, dentre as quais a coragem. Ela é, diz, o meio termo justo entre o medo e a inconsequência, dois excessos que devemos evitar, se quisermos enfrentar o medo corretamente.
De onde a importância de respeitar certos parâmetros : o momento da ação, o local de sua execução, o estado de espírito, os meios, as pessoas envolvidas.
Não existe coragem a priori, ex nihilo ; e para Aristóteles a justa medida não se calcula matematicamente, em função de um pressuposto “moral”, mas em função do contexto. Para ilustrar, dá o exemplo da morte : a capacidade de enfrentar a morte não basta para dizer que alguém é corajoso. Não nos mostramos corajosos para escapar a motivações secundárias (sofrimento, pobreza, mágoa) ou por falta de energia, mas por nobreza.
Marly Peres