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Tróia e a OTAN

Todo mundo conhece o cavalo de Tróia, que simboliza a astúcia, aquilo que é mais forte do que a força. Cavalo que também serve de metáfora para o figura do inimigo interno, sempre mais perigoso do que o perigo que vem de fora (veja a publicação Cavalo de Tróia, neste Blog).

E você já sabe, se leu a publicação sobre a maçã, que no início de tudo temos a Deusa da discórdia, que cria uma enorme confusão entre o feminino e que vai acabar provocando a guerra. Quando Páris escolhe o amor da mais bela mulher, Helena acaba traindo o marido, Menelau, que é rei de Esparta, e foge com Páris para Tróia.

Aqui entra um aspecto pouco discutido dessa guerra, e que remete à OTAN : antes de partir para a guerra, os aqueus (que hoje chamamos de gregos) tratam de reunir contra os troianos todos os povos helenos (que hoje também chamamos de gregos).

Muitos desses povos têm como chefes ex pretendentes da bela Helena. E agora eles todos são convocados a ajudar Menelau, rei de Esparta, a trazê-la de volta. Por que ? Para cumprir uma promessa : quando todos os pretendentes se reúnem, para ouvir a decisão de Helena, sobre quem será seu escolhido, antes do veredicto eles juram ajudar o futuro marido da bela, pois com certeza alguém vai querer tirá-la dele algum dia.

É por isso que agora vão todos juntos lutar contra Tróia. Na vida real essa guerra aconteceu porque Tróia – que na época se chamava Ílion, por isso o nome do poema que conta a história é Ilíada – era um importante entreposto comercial que os aqueus queriam controlar.

Esse pacto dos pretendentes não é nada muito diferente do que acontece atualmente com a OTAN. Na fundação da organização, que em princípio foi montada como um escudo de proteção contra a ameaça da União Soviética (antes de ela ter desmoronado), todos os países-membros prometeram solenemente proteção mútua : qualquer ataque contra um deles seria um ataque contra todos e eles se uniriam contra o agressor.

Desde sua criação, em 1949, a OTAN mudou bastante, infelizmente. Hoje ela defende interesses comerciais, transformando o resto do mundo num entreposto cobiçado. Qualquer investida de algum país de fora da OTAN contra os interesses dos EUA, em especial, gera um ataque. Os números e mais detalhes você tem na publicação sobre a Eurásia. Questão exemplar, se pensarmos na invasão da Ucrânia pelos russos.

Fica a lição da guerra, nosso modelo até hoje : os vencedores destruíram Tróia, amada dos Deuses, mas a vitória foi amarga e não trouxe o que eles esperavam, muito pelo contrário, pois eles foram castigados por seus excessos e cobiça.

Homero sabia do que estava falando nesse poema que é um retrato incrível e atual do mundo dos homens, suas guerras, seus apetites, suas fraquezas, seu heroísmo.

E como bem ele nos lembra, “Os Deuses não farão nada por nós que não façamos sozinhos. Precisamos de um herói.”

Marly N Peres