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Teodora, real senhora

Muito se fala de seu marido, pouco dela. E a exemplo de outras passagens da História e de certas personagens, o mais revelador não é o que se fala, mas sim o que se cala.

E sobre ela houve muito o que calar. Pelo simples motivo de essa senhora ter se transformado em imperatriz, no século VI, e ter tido um grande domínio e influência sobre o marido, o imperador Justiniano.

A questão não é o tipo de influência, mas sim o fato de ter sido ela a convencer Justiniano a se converter ao catolicismo e ter ela mesma uma conduta pouco “católica”.

Na verdade, essa filha do treinador de ursos do hipódromo local (uma espécie de circo, centro de atividades) exercia a profissão de prostituta num bordel. Nada contra, mas foi com esses atributos que ela se tornou poderosa. Aderente da nova religião, que 200 anos antes tinha sido promovida de seita a religião de Estado por Constantino, ela demonstrou na prática que por trás de um grande homem há sempre uma mulher, pois Constantino foi convencido a ser converter pela mãe, Helena (promovida depois a santa, como prêmio).

Mas nossa Teodora de santa não tinha nada. A mando da mãe, que era artista de teatro, trabalhava como dançarina no hipódromo desde pequena. Aos 18 anos já era prostituta. E esperta, pois largou tudo para ser amante do governador da atual Líbia.

Esses dados fazem parte de sua biografia oficial, escrita pelo secretário de um dos generais de Justiniano, Procópio de Cesareia. O nome do livro é sugestivo : “História secreta”.

Aos 21 anos, conhece Justiniano (um dos Pais da Igreja, ao lado de Constantino, veja a publicação neste Blog). Separada do ex amante, ela vai viver numa comunidade ascética e adere à seita monofisista, uma vertente do cristianismo que considera que Jesus é totalmente divino – e não divino e humano, como querem as Igrejas ortodoxa e católica.

Dali em diante, é só luxo e poder. Mais do que uma simples concubina, ela governaria o império junto com Justiniano. Com mão de ferro.

Marly Peres