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Socorro !

Sorrisos em demasia são sinal de pouco cérebro ou muita hipocrisia (ou os 2 juntos…).

Sabe onde tem isso de sobra ? Em festa de família. Todo mundo se detesta gentilmente, todo mundo fala mal de todo mundo e todo mundo se frequenta. Ninguém merece.

Festas em família são como shopping, a gente entra procurando a saída mais próxima.

Cheiro de coisa melada, gente demais, senso comum a gritos, consumismo, vitrines todas iguais. Ou cheiro de perfume adocicado (daqueles que tem em free shop). Que pesadelo ! A suprema vantagem do comércio de rua é que NÃO fica dentro de um maldito shopping. As vitrines não são todas iguais e a clientela já foi peneirada pela oferta. Alguém por acaso já viu novo rico em livraria ? Ou chinês em boutique onde não se fala inglês ? Ou turista naquelas lojinhas de bairro, cheias de preciosidades ? Então…

Garagem, você perdeu o carro. Em qual vaga, em qual corredor, em qual andar ? Por que você não deixou com o manobrista da área VIP ? Bem-feito ! Ataque de consciência social dá nisso.

Saída da garagem, cadê o maldito papelzinho com o código de barras que tem que pôr para cima ? Que coisa, precisava buzinar ? O imbecil aí atrás sabe, por acaso, o que é uma bolsa de mulher? Então, calma ! Ah, você que está lendo não tem carro, é politicamente correto ? Pois eu tenho e detesto Uber. Aliás, nada mais politicamente incorreto do que Uber, não é mesmo ?

Por que eu vim ? É como festa : por que me deixei envolver ? Bem-feito ! Ataque de peso na consciência dá nisso.

Da próxima vez, é aquele “não” categórico : “Você vem almoçar ?” “Eu ?? Não !!”. O melhor nas negativas é a simplicidade : negar e não esticar o assunto, não dar ne-nhu-ma explicação. Negue e negue com convicção, olhando nos olhos da chata que perguntou. Mas olhe bem depressa e continue, siga em frente, para mostrar a ela que aquilo não tem a menooor importância. A cara que as pessoas fazem nessas circunstâncias é impagável.

Sabe qual o melhor antídoto para isso tudo ? Um livro, um bom livro. Você com você. Silêncio. Comer o que quiser quando quiser, beber o que e quanto quiser quando quiser. Não ter que sorrir. Não ter que responder a perguntas [imbecis]. Não ouvir aqueles comentários mais imbecis ainda. Silêncio. Um luxo ! Solidão escolhida. Um privilégio.

Marly Peres