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Ressurreição dos canibais

Tomás de Aquino (1225-1274), expoente maior da escolástica, se preocupava com a questão da ressurreição, difícil de adaptar ao pensamento de Aristóteles, cuja obra serviu de base para a doutrina cristã.

Segundo esse credo, alguns corpos viveriam em bem-aventurança eterna ao lado da divindade julgadora, enquanto outros arderiam nas chamas do inferno por toda a eternidade.

O postulado da ressurreição, um dos artigos de fé dessa doutrina, não deixa claro se o corpo dos humanos ressuscitados é o corpo que tivemos na infância, na juventude, na idade adulta, na decrepitude da velhice, ou se é o corpo dos derradeiros momentos de vida. Mas esse é só mais um mistério.

A dificuldade maior, para Tomás de Aquino, estava no seguinte : o que aconteceria com os canibais, que tinham passado a vida comendo carne humana, e isso por gerações e gerações ? Todos os átomos de seus corpos pertencem por direito a outras pessoas, pois aqueles que foram devorados também têm direito à ressurreição. De onde a questão : que corpo sobra para os canibais arderem no inferno ?

Marly Peres