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O riso é exclusividade humana

Com frequência, acabamos esquecendo que o grande humanista e escritor Rabelais
também era médico. E que devemos ler o Prefácio de seu livro, “Gargântua” como se
fosse uma receita, uma prescrição.

Com a escrita dionisíaca que era a sua, uma espécie de embriaguez literária deliberadamente provocante, ele se dirige ao que chamou de bebedores ilustres, e conclama todos a se divertir, a aproveitar e a rir. E, para isso, cita Hipócrates, o pai da Medicina, e o caso divertido que vou contar.

Demócrito ria o tempo todo e os moradores da cidade onde ele vivia acabaram ficando preocupados, achando que ele tinha enlouquecido, que estava doido. E pediram a ajuda do médico Hipócrates, para que ele fizesse o diagnóstico e tentasse curar o famoso atomista.

Veredicto : não só Demócrito nem era doido, nem estava doente, mas melhor ainda : todo mundo deveria se inspirar nele, disse Hipócrates, pois o riso é sadio e tem efeito curativo.

Para Rabelais, como para Aristóteles, de quem ele tomou a fórmula emprestada (tendo a honestidade de dizer), o riso nasce de um recuo, de uma inteligência específica do ser humano, único animal capaz de apreciar uma situação e de zombar dela e de si mesmo.

Marly Peres