“O homem é um lobo para o homem”, diz Thomas Hobbes.
Como impedir guerras civis ? Essa é a questão fundamental de Hobbes, traumatizado pelas lutas internas que devastavam as ilhas britânicas no século XVII.
Influenciado pela matemática e pela revolução científica da época, ele decidiu analisar a política more geometrico (“à maneira do geômetra”). Como a política é um assunto humano, era preciso desenvolver uma antropologia – uma teoria do ser humano, para poder compreendê-la. Por isso é que Hobbes vai tentar descrever a vida humana no estado de natureza.
A época de Hobbes era de ausência do Estado, com uma grande quantidade de guerras civis – o que o faz concluir que o estado natural do ser humano se caracteriza por um estado permanente de guerra de todos contra todos.
Esse é o motivo que o leva a recuperar a expressão de Tito Mácio Plauto (século II antes da nossa era) : homo homini lupus (o homem é um lobo para o homem). Frase, aliás, que já tinha sido recuperada, antes dele, por Montaigne, por Erasmo e por Francis Bacon…
Ou seja, para escapar ao estado de violência permanente, em que todo mundo quer o que o outro tem, o homem cria o Estado, que Hobbes qualifica de Leviatã, em referência a um monstro bíblico. A função do Leviatã é pôr um fim a essa guerra de todos contra todos e proteger os indivíduos uns dos outros.
Resumo : face à igualdade natural que leva à guerra, os homens são obrigados a inventar a desigualdade que os salva.
Com isso, Hobbes está dizendo que a vida política não é resultado da amizade entre os cidadãos (philia), mas sim da desconfiança e do medo.
Marly Peres